quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Desafio de 2 medíocres de Bordeaux

Pra mim sempre foi claro que é quase impossível conseguir algum bom tinto de Bordeaux a um baixo preço. Mas não sei se por teimosia ou pelo incansável interesse enófilo de provar quantos mais vinhos possíveis, ainda me pego ocasionalmente tentando achar um honesto e barato Bordeaux. E foi o que aconteceu no último domingo. Costela de cordeiro já no forno e eu e um amigo abrimos 2 tintos Bordeaux para uma degustação às cegas. O primeiro era o conhecido Mouton Cadet 2004, linha básica e popular da Mouton Routschild, produtor que dispensa comentários. O segundo era um Bordeaux de Entre deux-mers, sub região menos nobre de Bordeaux. Tratava-se de um Chatêau Toutigeac 2006, assim como primeiro, um corte bordalês típico de Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc. Eu já havia experimentado os dois, mas seria como dar uma nova chance ao jovem Bordeaux da Toutigeac que não tinha me convencido nas 2 provas feitas anteriormente. Com duas taças marcadas para cada, um , ainda não sabíamos qual vinho tinha cada taça. À impressão visual, já não restavam dúvidas. O rosa púrpura denunciava a jovialidade do Chateau Toutigeac, contrastando com o rubi granada do Mouton Cadet. Dali pra frente, seria apenas comparar um com o outro. No nariz, bastante parecidos: aromas clássicos dos Bourdeaux, tais como baunilha, frutas vermelhas e algo mineral. Ambos também se igualavam nas poucas intensidade e persistência dos aromas. Na boca, fica evidente o papel do tempo no Mouton Cadet, com seus taninos suavizados em contraposição ao Toutigeac, ainda jovem e potente. Não havia dúvidas, tratavam-se de dois vinhos de mesmas castas e mesma região, com leves diferenças proporcionadas pelo tempo, facilmente perceptíveis apesar de serem 2 vinhos jovens e prontos para o consumo. Ficava claro também que estávamos diante de 2 tintos de Bordeaux de médios a médiocres, comprovando a teoria de que os bons vinhos da região têm custo maior.
Das 3 garrafas de Chatêau Toutigeac que chegaram como vinho do mês de uma confraria que participo, essa era a última. Deu certo alívio vendo-a sair da adega. Não vai deixar saudades.

2 comentários:

Anônimo disse...

Interessante seu relato, pois vi esse vinho numa confraria que imagino ser a mesma que vc participa. Estou tentado a me associar, mas fiquei com um pouco receio de receber vinhos medíocres. Talvez seja melhor ir a caça sozinho. Vc que já participa, pode me dizer se os vinhos que eles enviam são bons?

Léo disse...

Olá Marcos,

fiquei afastado do blog por um tempo.

Acredito que vc esteja falando da Sociedade da Mesa, a confraria que tinha o Chateau Toutigeac como vinho do mês há algum tempo. Sim, eu participo dela, e o que posso dizer é que, em geral, os vinhos valem o preço. Há meses com surpresas positivas, assim como o contrário.

Para consumo no dia a dia, os vinhos me atendem bem. Acho que é uma oportunidade boa tb de conhecer vinhos que nem sempre são importados ao Brasil