Pra mim sempre foi claro que é quase impossível conseguir algum bom tinto de Bordeaux a um baixo preço. Mas não sei se por teimosia ou pelo incansável interesse enófilo de provar quantos mais vinhos possíveis, ainda me pego ocasionalmente tentando achar um honesto e barato Bordeaux. E foi o que aconteceu no último domingo. Costela de cordeiro já no forno e eu e um amigo abrimos 2 tintos Bordeaux para uma degustação às cegas. O primeiro era o conhecido Mouton Cadet 2004, linha básica e popular da Mouton Routschild, produtor que dispensa comentários. O segundo era um Bordeaux de Entre deux-mers, sub região menos nobre de Bordeaux. Tratava-se de um Chatêau Toutigeac 2006, assim como primeiro, um corte bordalês típico de Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc. Eu já havia experimentado os dois, mas seria como dar uma nova chance ao jovem Bordeaux da Toutigeac que não tinha me convencido nas 2 provas feitas anteriormente. Com duas taças marcadas para cada, um , ainda não sabíamos qual vinho tinha cada taça. À impressão visual, já não restavam dúvidas. O rosa púrpura denunciava a jovialidade do Chateau Toutigeac, contrastando com o rubi granada do Mouton Cadet. Dali pra frente, seria apenas comparar um com o outro. No nariz, bastante parecidos: aromas clássicos dos Bourdeaux, tais como baunilha, frutas vermelhas e algo mineral. Ambos também se igualavam nas poucas intensidade e persistência dos aromas. Na boca, fica evidente o papel do tempo no Mouton Cadet, com seus taninos suavizados em contraposição ao Toutigeac, ainda jovem e potente. Não havia dúvidas, tratavam-se de dois vinhos de mesmas castas e mesma região, com leves diferenças proporcionadas pelo tempo, facilmente perceptíveis apesar de serem 2 vinhos jovens e prontos para o consumo. Ficava claro também que estávamos diante de 2 tintos de Bordeaux de médios a médiocres, comprovando a teoria de que os bons vinhos da região têm custo maior.
Das 3 garrafas de Chatêau Toutigeac que chegaram como vinho do mês de uma confraria que participo, essa era a última. Deu certo alívio vendo-a sair da adega. Não vai deixar saudades.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Maravilha chilena
Não foi sem antes saber da fama, mas por puro acaso que degustei meu vinho branco predileto. Fui com minha esposa experimentar o flight de vinhos da Rex Bibendi, a representante em Belo Horizonte da Zahil importadora. O flight é um tipo interessante de degustação. Ao invés de pedir uma garrafa de um único vinho, há a opção de 4 ou 5 taças (aproximadamente 120 ml) de vinhos diferentes, sendo branco ou tintos dependendo do flight escolhido. Isso tudo a preços módicos. Os flights custam algo em torno de R$25,00, uma pechincha pra quem pretende conhecer os vinhos da casa. Ao ver as opções do cardápio, não tive dúvidas: escolhi o flight que incluía o Sol de Sol Chardonnay 2004. Elaborado pela Viña Aquitania em Taiguem, região ao sul do Chile, esse branco 100% Chardonnay é, para muitos especialistas, de longe o melhor vinho chileno elaborado com essa casta francesa. Muito se assemelha aos grandes Chardonnays da Borgonha. Se a expectativa era grande, as impressões foram as melhores possíveis. De cor amarelo ouro, denunciando a passagem pelo carvalho, o Sol de Sol é de uma maravilhosa complexidade aromática que, generosamente, insistia em permanecer por longos segundos mesmo após afastar-se da taça . Notam-se frutas cítricas, mel, madeira e amêndoas. Na boca é de elegância rara: bom corpo, acidez viva e longa persistência. Superou todas as expectativas - um vinho para repetir várias vezes. O preço é salgado, mas vale cada centavo.
Preço: R$ 134,00
Onde: Zahil importadora
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